Os efeitos da crise no setor agropecuário

  Joaquim Augusto Azevedo Souza*

Já de algum tempo, nada tem sido mais presente no noticiário cotidiano - quer da imprensa escrita, falada ou televisada - do que as operações policiais envolvendo corrupções de grandes empreiteiras de obras públicas, autarquias e empresas estatais e políticos do mais alto escalão no cenário nacional. Profundamente lamentável a situação criada por irresponsáveis e desonestos pseudos representantes da nossa população.

Entretanto, agravando ainda mais o quadro de desalento e de penúria imposto a todos nós, nos deparamos com uma crise econômica e social, a qual não sabemos avaliar com exatidão quão profundamente ela poderá influir no dia a dia das famílias brasileiras. E apesar da seriedade que envolve esta cruciante questão, o que assistimos são medidas paliativas, populistas ou gravosas para a população por parte de um governo que parece perdeu o rumo, o equilíbrio, o bom senso e a capacidade de discernimento.

Evidentemente que, além do flagelo representado pelo aumento significativo do desemprego, motivo de real preocupação de todo cidadão consciente, estão aí decréscimos assustadores na produção industrial, uma quase paralisação do comércio e os reflexos altamente negativos para a agropecuária. Para não lembrarmos da nossa carência de logística e estrutura, enquanto o governo financiava obras faraônicas em países vizinhos e, até, na África, altamente prejudiciais especialmente na comercialização dos produtos agrícolas de modo geral, alertamos que, enquanto os juros sobem a patamares elevadíssimos e o crédito desaparece, o produtor vai tentando,de alguma maneira, comercializar sua produção e respectivos produtos, alguns ainda em fase de colheitas, mas todos com sérias dificuldades de comercialização.

Parece piada, mas exatamente no momento em que o produtor precisa de credito, mormente do crédito rural para aguardar melhor oportunidade de venda, este some ou aparece com juros estratosféricos, fruto de uma matemática bancária que deixa o banqueiro e o produtor rural um pouco mais pobre.

Uma lambança só parecida com a ladeira que desce os preços dos grãos, da carne e da cana de açúcar na mesma medida em que sobem os preços dos insumos necessários à produção agrícola, como fertilizantes e defensivos agrícolas.

Em resumo: todos sabem que o segmento que tem segurado algum resultado positivo para o país é, exatamente, o da agropecuária e do agronegócio, fontes de divisas e geradores de empregos.

Pois bem, o que a área política está conseguindo com rara maestria é desequilibrar este importante setor, um dia transformado em verdadeiro esteio da balança comercial do país, mercê dos esforços dos seus produtores, em mais um setor a enfrentar sérias dificuldades de sobrevivência.

Há tempos reclamamos por uma política agrícola compatível com nossas necessidades de produção. Tudo em vão. Continuamos à mercê da especulação e da incompetência governamental.

Uma pena!!!!