TEM QUE MELHORAR!!!

  Joaquim Augusto S. S. Azevedo Souza*

O atual período pré-eleitoral convida à reflexão e à tomada de posição pelo cidadão consciente e responsável, que sabe valorizar seu voto e mostra interesse em conhecer os candidatos e seus respectivos programas. A falta de propostas plausíveis, a demagogia e as promessas fantasiosas, devem ser excludentes para o voto valorizado e consciente.

A falta de qualidade e a incapacidade política para a solução dos graves problemas que afligem, não somente a agropecuária e em especial, hoje, o setor sucroalcooleiro, mas toda a Nação tem sido a tônica da última década. É inegável a decadência na prática política brasileira, onde prevalecem os conchavos e o acobertamento das falcatruas e mal feitos reinantes. Grande parte dos partidos políticos é inexpressiva e sem relevância, porquanto, perdida sua principal razão de ser, qual seja, a de bem representar parte da sociedade, perderam também sua função e identidade. Transformaram-se apenas em grupelhos de aluguel, à espera de verbas e cargos em troca de apoios e votos. E isso tudo a um custo extraordinariamente caro, quer no campo financeiro, quanto no econômico e social da nação brasileira. Temos carências extremamente graves a serem supridas nas áreas da saúde, educação, habitação e segurança, bem como nas de produção agrícola e industrial.

E o que realmente têm sido feito pelos governantes e demais políticos em direção às soluções adequadas e duradouras, que expressem fielmente o atendimento destes anseios nacionais?

Muito se cobrou e ainda se cobra dos produtores rurais, de quem exigem constantemente mais e mais produções, sob as mais diferentes regras criadas nos gabinetes refrigerados de repartições publicas ou de parlamentares despreparados à serviço da demagogia e do voto fácil, de quem não conhece os caminhos da agricultura ou da pecuária.
Inventam normas e regulamentos, nem sempre do interesse do País, mas cada vez mais inadequados e onerosos para o homem do campo cumprir, tanto nas áreas ambientais ou fundiárias, quanto na esfera trabalhista. Criaram, por exemplo, figura incrivelmente injusta que incrimina o proprietário rural vítima de incêndio criminoso ou fortuito em suas lavouras, imputando-se a ele a responsabilidade objetiva pelo fato.

Na área fundiária, além de criarem esdrúxulas condicionantes ao constitucional direito de propriedade, patentearam clara inversão de princípios dando conotação social às invasões criminosas de propriedades rurais, como se ditos invasores fossem apenas civilizados e comportados trabalhadores. Não obstante esse desvirtuamento da realidade, o proprietário rural ainda encontra sérios entraves ao eventual cumprimento de mandato judicial de reintegração de posse por parte da policia, obediente às temerosas ordens de governantes.

De outro lado, tribunais trabalhistas declaram ilegal a terceirização de serviços, demonstrando desconhecimento das peculiaridades do trabalho rural e da dinâmica agrícola, postos também a mercê de uma dessas encantadas regras extraídas da cartola de algum mágico de carteirinha, metido a legislador.

Por tudo isso e muito mais, temos a obrigação de votar em candidatos bem preparados e com espírito público, dizendo não aos aventureiros de plantão. Basta de demagogia e enganações!!

Precisamos de seriedade no exercício da arte política. A agropecuária que tantas boas respostas têm oferecido à Nação merece um pouco mais de atenção e de tratamento compatível com sua real importância. Precisamos de um plano agrícola plurianual, com metas definidas de longo prazo, seguro agrícola, inovação tecnológica e crédito suficiente à produção. Ao invés de multas e cobranças desnecessárias e de exigências descabidas, como a da reserva legal em áreas produtivas, o segmento rural precisa de segurança jurídica, assistência técnica eficiente e produções sustentáveis capazes de melhorar a competitividade do setor. É de vital importância o incentivo governamental à pesquisa agropecuária, a construção de uma logística e infra-estrutura de armazenagem e escoamento da produção rural. Enfim, passa de hora dos responsáveis pela política arregaçarem as mangas e começarem a trabalhar por um País melhor.

Não há outra saída: Tem de melhorar!

*presidente da Associação e do Sindicato Rural de Ribeirão Preto