Conspiração por Decreto

  
É simplesmente inacreditável a ousadia do governo (ou seria desgoverno?) de querer impor ao país, através de decreto, o dito sistema bolivariano já vigente em outros países sul-americanos, como Venezuela e Bolívia. Com efeito, o estapafúrdio e absurdo decreto número 8.243/14 que cria a "Política Nacional de Participação Social" e o "Sistema Nacional de Participação Social", prevê a inclusão de conselhos populares nas instituições e órgãos públicos.

Trata-se, antes de mais nada, de clara e temerária afronta à democracia e à ordem constitucional da Nação, com a extensão das prerrogativas do Congresso Nacional para conselhos populares, a serem preenchidos, sabe-se lá por quem e com quais intenções, conhecimentos e ideologias.
Formados por "cidadãos, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não, suas redes e suas organizações" esta aberração golpeia mortalmente o regime democrático representativo e suas instituições, seguindo exemplo do que fez Lenin na antiga União Soviética.

Que o nosso governo é de esquerda, ninguém duvida, entretanto, decretar o totalitarismo popular no país, cedendo à vontade dos radicais do partido ora no poder, encabeçados pelo titular da secretaria geral da Presidência da República, a quem, inclusive, caberá a coordenação do tal "Sistema Nacional de Participação Social", é ultrajante e absolutamente inadmissível. Que esse tipo de gente queira se perpetuar no poder, mamando nas férteis tetas do Estado, não nos causa surpresa alguma. O surpreendente é a senhora presidente da República, detentora da responsabilidade maior de garantir a governabilidade e do dever de defender a acatar a Constituição Federal, concordar com esta ruinosa pretensão, assinando tal malfadado decreto que, em ultima análise, pode trazer o caos ao país, semeando o conflito e a luta de classes.

Infelizmente, este tresloucado decreto que marginaliza a grande maioria silenciosa que não compartilha da ideologia leninista-marxista, atinge a todos, mesmo que perplexos e indignados, como os integrantes da classe agropecuária.
É certo que aqueles que trabalham para o sustento de seus familiares, os que estudam e todos quantos, não gozando dos privilégios partidários ou mordomias estatais, precisam cumprir suas responsabilidades e deveres cotidianos, jamais farão parte desta sórdida manobra rumo à dominação política e ainda estariam representados por quem não elegeram. Isto é democrático ou apenas mais um engodo contra a sociedade brasileira?

Não se espantem, mas o absurdo decreto em epígrafe já está em vigência, faltando apenas ser implementado. A esperança dos cidadãos livres e defensores da democracia é que os integrantes do Congresso Nacional, especialmente os que pretendem continuar parlamentares, lutem pela imediata anulação desta armadilha contra a sociedade civil brasileira, antes que surjam situações ainda piores, cujas consequências imprevisíveis podem sim ser extramente danosas para todos, inclusive aos partidários do radicalismo político.

O Brasil não é quintal de bolchevistas e nas democracias é o Congresso que representa o povo!

Joaquim Augusto S. S. Azevedo Souza, presidente da Associação e do Sindicato Rural de Ribeirão Preto