Um exercício democrático

  
Joaquim Augusto S. S. Azevedo Souza*

Como brasileiro não posso deixar de me referir ao extraordinário movimento cívico que se espalha por toda a Nação, de forma crescente e, o que é espantoso, sem lideranças específicas mas com repúdio aos oportunistas de plantão querendo dar conotação política à manifestação.

De fato qualquer cidadão, com um mínimo de brasilidade, sente-se tocado por este gesto popular de repúdio à corrupção e aos absurdos e indevidos gastos do dinheiro público. Antes dos aumentos das passagens dos ônibus e metrôs, o que pretendem é uma melhoria significativa na qualidade dos serviços prestados. Imaginem os sacrifícios diários da população usuária de ônibus e metrôs lotados, viajando sem nenhum conforto e exprimidos entre tantos outros obrigados a permanecerem em pé.

Além disso, os ônibus colocados à disposição são insuficientes e absolutamente lerdos por não disporem de faixas próprias para circularem. Entretanto, isto foi apenas o estopim do estouro de indignação e insatisfação generalizadas com os serviços públicos, a desonestidade imperante, a falta de atendimento adequado na área da saúde, a precariedade das habitações populares e a total insegurança em que todos vivemos.

É o império da impunidade, onde os crimes mais horrendos são imputados a menores que nada sofrem em conseqüência de uma legislação absurda, certamente aprovada por inconseqüentes.

E isso tudo enquanto nossos governantes só fazem pensar em eleições!

Infelizmente, a classe política em geral, reservando-se raras exceções, não consegue se mover se não houver ai um conteúdo eleitoral direcionado.

Talvez agora, com o recado dado pela população, cansada de ser passada para trás, se emendem e comecem, pelo menos, a trabalhar com mais seriedade pelo bem do país, com menos demagogia e mais responsabilidade.

Que esse exemplo de manifestação sadia e limpa, manchada apenas pela odiosa ação de uns poucos vândalos que deveriam pagar devidamente pelos seus atos criminosos contra o patrimônio publico e privado, possa servir de referência para ações futuras dos governantes e da própria sociedade.

Caso contrário, podemos ter pela frente momentos ainda mais difíceis, assombrando um futuro que poderia ser brilhante para todos os brasileiros.

Do lado da agricultura, cuja maioria absoluta de produtores apóia essa atual demonstração de civismo e democracia de nossos jovens e demais seguidores, a situação permanece inalterada quanto às políticas publicas destinadas ao setor.

É preciso, entretanto, que despertemos pelo inevitável aumento do consumo de alimentos e a conseqüente necessidade de se produzir mais para atendimento da população.

Hoje, alguns políticos reclamam dos preços dos alimentos, mas se esquecem de anotar a extraordinária elevação dos preços dos insumos usados na agropecuária, controlados basicamente por meia dúzia de gananciosos e bem organizados fornecedores, especialmente n